Monday, December 28, 2009

Dezembro

Mês de calor, muita chuva grossa e alagamento
O rio transborda, invade a rua, derruba barraco,
Pára o trânsito, entra nas casas e cria tormento.
Nessa tragédia quem sofre é sempre o mais fraco.

O noticiário oscila entre cenários de desolação
E comerciais com papai Noel cheio de presentes.
Destino humano: uns tristes e outros contentes.
Para compensar o excesso, alguns fazem doação.

A TV filma a criança pobre ganhando brinquedo.
O indulto de natal põe um monte de bandido na rua
A criança aparece, mas o indulto ocorre em segredo.

Temporada de transatlânticos no porto de Santos.
A praia fica lotada de gente vinda de todos os cantos.
Queima de fogos, começa outro ano que recebo azedo.

Tuesday, November 03, 2009

Agora.


Agora é um ponto eterno em um momento do presente
Por onde passa o futuro e vai embora virando passado.
Pontualmente.

(Nada é menos do que o momento presente, se entendermos por isso o indizível instante que separa o passado do futuro.)

Henri Bergson

Tuesday, October 20, 2009

Licença Concedida!

Viajei, hospedeiro... A qual esquina te referes?
A do boteco ou as voltas que o destino te impõe?
Não seja ingrato. É a cachaça barata que dá ressaca.
O mundo gira, eu sei, é assim que o sol nasce...
Por isso o sol é diferente nas diferentes horas do dia.
O mar, a lua, as estrelas, não sei o que são
Porque estão distantes, onde só a imaginação alcança.
E vou sempre tratar a puta como a mulher do momento.
Sem sonhar, corres o risco de acordar no esquecimento
Eu existo pra te lembrar que o mundo é vário
E uma vida só, única, pode explicar todo o universo.

Monday, October 19, 2009

Dá licença, Poeta.

Poeta, dá licença, que eu preciso trabalhar.
Para pagar a tua cachaça e teus livros.
Eu preciso cuidar da vida.
E as tuas alucinações atrapalham.
Dos teus porres curtindo uma paixão.
Sobram pra mim a despesa e a ressaca.
Aprenda poeta, pessoa estranha:
O sol não nasce, é o planeta que gira.
A lua, as estrelas, o mar são o que são
E não o que a tua imaginação cria.
Não queira namorar a minha puta,
Me deixa dormir em paz, ô sonhador.
Vai viajar. Vai ver se estou na esquina!

Wednesday, September 30, 2009

O Peixe

Um outro mundo esse mergulho.
Vôo ou nado? Vai saber...
O peixe, vivendo a vida dele, me ignora.
Fora de uma área critica não sou nada.
Se me aproximo, ele se afasta, incomodado.
Depois me esquece. E nada mais.

Monday, September 28, 2009

Monamis..

O mundo tem 6,8 bilhões de habitantes.
Eu tenho 85 amigos no Orkut, meia dúzia de camaradas.
E um par de amigos de verdade:
Percentualmente, são zeros pra caralho antes de qualquer numeral positivo.

Wednesday, July 22, 2009

Blocos On Line 13

Eu me sento à mesa
Como se fosse comer
Saciar minha fome
Mas só tenho um bloco
E uma caneta
Então escrevo um poema
E sacio meu espírito
De letras soltas
De versos loucos
De poesia 13
De santo daime
De sentidos antenados
Em blocos on line

Friday, July 17, 2009

Poema da adolescência revisitado

“Quero a mulher ampulheta
aquela cujo corpo tem essa forma
e cujo amor é a areia
que mede o meu tempo
sobre a face do planeta.”

Faltou dizer:
... se ela não vier,
continuo na punheta!

Monday, June 22, 2009

Três quadrilhas para Junho

Dia treze, Santo Antônio, o casamenteiro
A mulherada põe a imagem de castigo
Desejando casar com o melhor partido.
Na quadrilha a dança é com o fogueteiro.

Dia vinte e quatro é São João, o Batista.
Nesse inverno o fogo não fica só na fogueira.
Invade os corpos, quentão, paçoca, faísca.
Gente trepando até no mastro da bandeira.

Dia vinte e nove é São Pedro, o pescador
Houve casamento mas foi de brincadeira
Santo Antônio atendeu, seja como for...
Engravidou? A culpa foi da bebedeira!

Wednesday, June 17, 2009

Vaso Chinês

Quebrou?
Acontece!
Dói?
É bom que doa!
Desista.
Esquece.
Com a alma, perdoa.
Um novo sol te aquece.
A imortalidade é boa.
O Talento nunca perece.
O Passado apenas ecoa.

Vaso chinês. Porcelana.
Coração partido não tem conserto.

Cicatrizes são marcas
De que o amor foi vivido
Foi bom, não foi, acabou.
Como tudo na vida. Inclusive ela.

Wednesday, June 03, 2009

O Retorno

Tarde da noite volto para casa
Ela vazia, me recebe vazio.
Um vazio preenche outro vazio.

Passei o dia todo na rua, baldio.
A casa fria. Febre. O corpo em brasa.

Wednesday, May 27, 2009

Reflexão XCV (a puta)

Se querem mesmo saber, eu admiro a puta!
Com ela o combinado não é caro, não discuta.
Mulher catarse para a sociedade hipócrita.
Que por conveniência a mantém proscrita.

Disponível por dinheiro como todo mundo
Só a natureza do seu trabalho é diferente.
Mulher de vida fácil nada. Há quem agüente?
Ter de controlar o asco de cliente imundo?

Embora não assuma, tem mulher que fantasia
Ser dama na sociedade e uma puta na cama
Para satisfazer os desejos do homem que ama

Eu prefiro a puta original, que não reclama.
Não vem com o lero-lero de que me ama.
Não me cobra pensão, nem quer primazia.

Thursday, May 21, 2009

Reflexão XCIV (o umbigo)

É uma cicatriz do nascimento. Única, individual.
É marca equivalente à impressão digital.
Depende da barriga para ter beleza estética.
O abdômen tem de ser liso, de boa genética.

O da Karolina Kurkova é um peculiar distúrbio.
Em barriga grande parece um bico de assobio.
Na mulher grávida, lembra o dedinho do nenê
Para ter charme é preciso que o ventre aplaine

O umbiguinho da mulher amada é um delírio.
Com uma jóia incrustada é para os olhos um colírio.
E ela torna-se uma odalisca dos mil e um desejos.

O piercing no centro do corpo lançando lampejos
É um farol que me guia para o teu amor noturno.
E, lá fora, no céu, meu destino é traçado por Saturno.

Wednesday, May 20, 2009

Reflexão XCIII (porto inseguro)

Na minha sombra,
Sob a minha asa:
Descanso de sobra
E o corpo em brasa.

Na minha sombra,
Sob a minha asa:
O trabalho dobra
Vá limpar a casa.

Na minha sombra,
Sob a minha asa:
Do couro tiro a dobra
Meu pau te rasga.

Na minha sombra,
Sob a minha asa:
Amor, a dor assombra
E a mim compraza.

Na minha sombra,
Sob a minha asa:
A submissão se cobra
Minha rola te engasga.

Na minha sombra,
Sob a minha asa:
Essa é a minha obra
Já te comi, agora vaza.

Monday, May 18, 2009

Reflexão XCII (proposta)

A borduna do índio servia pra tontear a caça.
A sangria vinha depois na vasilha com limão.

A tribo em festa dança feliz enquanto a carne assa.
A antropofagia para a fome seria uma solução.
Banquete de inimigo, antagonista, desafeto e patrão.

Thursday, May 14, 2009

Reflexão XCI (mamãe)

Da minha mãe apanhei muito
Por conta de seu nervosismo.
Ela tinha ataques de histerismo
E sobrava pra mim um pau gratuito.

Apanhava de cinta dobrada.
Com um violento repelão, sacada
De um fio na porta do roupeiro.
O cinto zunia e eu abria o berreiro.

No quarto, em cima da cama,
O couro comia deixando vergão.
A lapada arde e a pele inflama.

Violência infantil ainda não existia...
- Engole o choro, safado, cachorrão,
Vai já pra cozinha e lava a louça da pia!

Monday, May 11, 2009

Soco no Ar

Rapaziada eu tô feliz
Eu faturei a Beatriz
Encontrei com ela no pagode
Ontem lá no grêmio.
Põe cerveja aí pra mim
Que eu conto como
Ganhei o prêmio.
Sem colarinho, por favor
Que hoje tá calor
Eu tava no bar do Bigode
Meio cachorro-chora
Perto do vaso de comigo-ninguém-pode.
Quando o Maneco me ligou
E pro samba me convidou
Chegando lá que maravilha
A Beatriz tava sambando sozinha
Puxei a morena pelo salão
Convidei para jantar mais tarde
No bar do alemão. E ela disse:
Com vinho, fico facinha.
Não deu outra.
Depois da janta, levei pro barracão
E vivemos nossa paixão
Agora, vou até trabalhar
Fiz um gol de placa
Sou Pelé na vida
Vou pular e dar um soco no ar.
Põe mais cerveja aí,
Pra comemorar.
Vou dar soco no ar
Vinho eu não bebo mais sozinho
Bebo com a Beatriz, o meu amorzinho.

Friday, May 08, 2009

O Culpado Sou Eu !

Vila Belmiro
Numa tarde de domingo
A multidão pedindo
Mais um gol do negão.
Ele atende
Manda a bola pro fundo das redes
Sai correndo, soca o ar.

Deixo o estádio
Subo o morro sem aflição
Sou da área, sei onde é contramão.
Mesmo assim,
Uma bandida surge pra mim
Dá um tiro
Pega no meu coração

Acordo assustado
Agradeço por ser pesadelo
Sinto um arrepio no cabelo
Pois lá fora tem confusão.

É a polícia
Que enquadrou e prendeu
Uma bandida
Algemada
Chorando e abatida
Olhou pra mim
Como pedindo perdão.

Já no camburão
Ainda me olha e parece sorrir...
Ali minha vida deixou de existir
Senti um vazio no meu coração.

Corri pro distrito, para dela ser testemunha
Não é ela quem se supunha
A dona da contravenção

O culpado sou eu!
Que vivo do craque que admiro
Defendo a carreira que aspiro
E fiz minha mulher de avião...

Tuesday, April 28, 2009

Feliz Aniversário

Hoje faz 4 anos do início deste blog.
O mundo está errado.
Calculando o log de xis,
Eu ainda sou feliz.
Completamente
De um jeito complicado.
Meio demente.
Criativo por um triz
Secretamente
Apaixonado
Por uma meretriz

Monday, April 27, 2009

Nada a declarar

É assim que eu sou.
É assim que sei ser.
Já mudei muitas vezes:
Camaleão.
Dissimulado.
Camuflado.
Faltoso.
Fingido.
Invisível.
Como uma vingança.
Mas, de todas as formas, eu.
É.
É assim que eu sou.

Thursday, April 16, 2009

Reflexão XC (pau pra toda obra)

Pra nego valente, surra de maçaranduba,
Porrete de pau pereira ou de jacareuba.
Vara de marmelo no lombo é castigo fodido.
E chico doce é pau de dar em doido varrido.

Sendo madeira de lei o lenho é nobre,
Mas é igual na cabeça de rico ou de pobre.
Racha o côco, o cara cai e o melado escorre
E tem nego, de tão ruim, que até não morre.

Borduna, cacetete, nunchaku, tonfa e bastão.
O índio, a polícia e o ninja descem o espanco.
Tem graça a mulher raivosa que te atira o tamanco.

Sendo pau pra toda obra, cabeça dura e cara de mau
Quem dá porrada no Francisco, dá também no José.
O corretivo deve ser aplicado pra deixar de ser Mané.

Wednesday, April 08, 2009

Tudo Mudou...

A minha poesia mudou
Depois que cai no samba.
Agora tenho mais o que dizer
Quando estou na roda de bamba.

Sou poeta, sou amante
Na inspiração do instante
Meu verso é mais constante...

Vou cantando assim
Mesmo se a letra sai ruim...

A minha poesia mudou
Depois que escrevi um samba
Procurei outra forma de dizer
Que te amo pra caramba.

Sou poeta, sou inconstante
Na disposição do instante
O meu verbo ficou mais elegante...

Vou escrevendo assim
Mesmo se o poema sai ruim...

A minha poesia mudou,
Depois que aprendi o samba
Agora falo e digo o que quero
Puxo a corda e a caçamba...

Sou poeta, sou elegante,
Na transpiração do instante
Minha alegria é contagiante....

Vou deixando o botequim
Mesmo se o povo chama por mim...

(deixa pra lá)

Vem cá, vem cá, morena
Me abraça, me dá um beijo
Vamos cantar na avenida...

Monday, April 06, 2009

Reflexão LXXXIX (minha poesia)

A minha poesia.
(palavras que não me pertencem)
está no limbo de um quarto escuro.
Meu sol pulverizado
Em fosfênios na penumbra.
Um cheiro no ar ainda
Um sentimento sem suporte.
Eu a pressinto desfeita:
Letra, palavra, frase
Texto, contexto,
Semântica, semiótica.
Um mergulho nos sentidos
Que ficam alterados
Nos alinhavos à minha maneira
que, às vezes, fazem sentir diferente.
Frágil,
ela não se entrega fácil.
A minha ilusão.

Wednesday, April 01, 2009

Reflexão LXXXVIII (o photoshop)

Olhando o seu álbum de fotos,
Encontrei uma que reconheci:
Era você e eu antes do photoshop.
Mas agora, é só você, sorrindo.
Você me recortou e deletou...
A minha vingança é saber,
E você também sabe...
(veja o meu sorriso sarcástico)
Que naquela foto eu estava
passando a mão na sua bunda.

Tuesday, March 31, 2009

Reflexão LXXXVII (sem querer, querendo)

Nem tudo o que o papa diz é sagrado.
Nem tudo o que o juiz decide é lei.
Nem tudo o que é coroado é rei.
Nem tudo o que se trata é contratado.

O papa é contra a camisinha, e daí?
Pra quem não versa a matéria é fácil proibir
A coroa faz o rei e também o abacaxi.
Bobagem é o sexo dos anjos discutir...

Não consigo meter sem tesão. Já a mulher...
“Sem querer querendo” a danada te engana.
Por isso, em brigadeiro de casal, eu meto colher.

O papa e o juiz condenam? Quem é que se dana?
Todo tratado, sabendo fazer, se amolda.
Um juiz manda prender. Vem outro e solta.

Friday, March 06, 2009

Ainda Assim...

(para Van Luchiari)

Você pode fugir, fingir que não entendeu.
Ainda assim, vou insistir e te incomodar.
Você pode, negar, esconder, negacear.
Ainda assim, vou procurar te convencer.
Você pode reclamar, mandar eu sair.
Ainda assim, saio deixando a lembrança.
Andarei sempre por perto, pra te olhar
Você pode nem querer ouvir falar de mim.
Ainda assim, estarei pensando em um jeito
De fazer você gostar de mim....

Wednesday, March 04, 2009

Reflexão LXXXVI (o teu amor)

Desse teu amor quero o melhor pedaço.
Sendo assim tão dedicado e imenso...
Feliz, terei prazer em lhe fazer o cabaço.
Depois, pode correr mundo, te dispenso.

E eu te desejo muita sorte nesse banimento,
Paixão, prazer, saúde, ciúme e tormento.
Pois alguns amores trazem a dor, sua comida.
Lágrima, aflição descabida, argumento suicida.

Amor não deveria causar arrependimento,
Nem aceitar a companhia do sofrimento.
Mas, em certas almas é mania ser extremado,

Quer a posse e isso deixa o coração calcinado.
Quer exigir a rendição absoluta do amado,
E sem liberdade, não há arte e nem sentimento.

Friday, February 06, 2009

Reflexão LXXXV (carnaval)

No Brasil, todo mês de fevereiro,
(Mas teve ano que foi em março)
Tem uma grande festa no terreiro.
Eu gosto dessa folia. Não disfarço.

Vou pra rua e onde tiver batuque
Eu estaciono e me enfio no meio
Devo aproveitar antes que caduque.
É minha diversão. Meu veraneio.

Vem sambar minha mulata passista
Pertinho de mim, rindo, cantando alto
Pisa no meu coração com teu salto.

Calor. Minha mão na tua cintura.
Cerveja, beijo na boca e chuva
Nesta arte ponho minha assinatura:

Atrás de ti em todos os cordões.
As covinhas sobre a tua bunda,
São as marcas dos meus dedões.

Tuesday, January 27, 2009

Thursday, January 22, 2009

Reflexão LXXXIV (amor telepático)

Ah, esse teu amor telepático me alcança
E me desperta numa noite de cama vazia
De pau duro, sozinho e você na lembrança,
Minha mão imita o que a tua boceta fazia.

Ah, esse teu amor telepático já cansa...
Aqui, nessa noite insone ardendo de azia
Preciso apagar esse fogo numa foda mansa
Já tenho o antiácido, falta a tua companhia

Ah, esse amor telepático não enche pança
Vou atrás de outra mais disposta e sadia.
Quero um corpo de mulher para uma festança.
Chega de amor telepático, quero uma vadia.

Friday, January 02, 2009

Reflexão LXXXIII (o meu domínio)

Sob o meu domínio.
É assim que te quero.
Entregue.
Corpo inteiro.
Fervente.
Pra injetar
Minha vontade.
Pra te dar prazer.
Intenso.
Profundo.
Chegando a doer.
Prender-te firme
E te fazer saber
Que nesse momento
És minha.
E te fazer sentir
Com força o meu
Querer urgente.
Depois de todo prazer
Acumulado,
E só então,
Deixar em ti
Meu gozo escaldado.
Invisivelmente
Povoado de mim.
E o que mais te ama,
O mais apaixonado,
Vencendo as fraquezas,
A ponto de ser o único,
Vai habitar para sempre,
O teu planeta
Germinado.