Tuesday, August 26, 2008

Reflexão LXXII (as costas)

Desesperado, eu te amo mais, quando me viras as costas.
Quando te vejo ir embora e meu sangue se torna espuma.
Meus pés chumbados no chão, minhas ações descompostas.
Perder-te dissolvida na distância, meu coração desarruma.

O céu então desencadeia uma tremenda tempestade
E agora, a chuva põe ainda mais empecilho na distância.
Não bastassem o tempo e o espaço, somados à minha ânsia,
Tem também a tua decisão de ir, contra a minha vontade.

A chuva grossa de verão termina inundando toda a cidade
A luz acaba, os telefones ficam mudos e restamos ilhados
Imagino quais os caminhos que poderiam ser trilhados

Para ir te buscar e não deixar o meu amor pela metade.
Resgatar-te da fúria dos elementos e ficarmos aninhados.
Acariciando tuas costas macias, no escuro, enrodilhados.

Friday, August 22, 2008

Reflexão LXXI (o olho da solidão)

(para Rosangela Aliberti)

A solidão tem olhos que nos espreitam insistentemente.
São olhos baços, de cor furtiva, esmaecidos, lacrimosos.
Vazios de sentido, lembrando os olhos frios dos criminosos.
Não nos sugerem nada, apenas nos olham simplesmente.

Encaram firme nosso olhar de volta, adoram jogar sério.
São tenebrosos em certo sentido, por serem ablefaros.
A solidão costuma refletir os olhares que nos foram caros.
E esse olhar fixo, ininterrupto, incomoda como um mistério.

A solidão nos olha verrumando o fluxo da nossa alma
Estranhamente, isso inquieta, mas depois nos traz calma.
Porque nada pode ser feito para fugir do seu império.

Acostumar-se aos olhos da solidão é o melhor critério
Evitamos assim, lembrar o gesto da mão que espalma
Aquele adeus final, longínquo, marcado em nossa palma.

Wednesday, August 20, 2008

U DISTERRO

(Co’as divida discurpa pru Juó Bananére)

Ai chi sodade io tegno da mia gabital baolista!
Perque qüi niste disterro che io s’incontro
Vivo dirramano lágrima, pinsano nus amici chi io tigna
i tambê nas namurada que ficô lá.
Guando io era piquininigno io murava na mooca.
Na rua Juó Antonio di Olivera, pertigno du campu du Juventus.
E io custumava i co mio papá assisti us jogo nus dumingo di tardi.
Tudo cuntento da vida.
Oggi inveis io stó qüi pertigno du mare y mortigno di sodade...
In qüesto disterro, nista citá cotuba, mai che num é allegri come Zan Paolo.
Nê as pizza daqüi sono paricida co’as du mio chirido Bixiga dove io istudei.
Lá na Iscuola Superiore di Prupaganda Y Marcheti.
Qüi in Santos io sono cognecido come Barone, ma num sono Barone cosa nignuma.
È tudo mintira pra inganá us amici qui fiz aqüi.
Ma illos num s’importa guando io conto lorota.
Só sê che qüi io morro di sodade...
Me dá nostarggia e io pego i vô bebê umas birra c’os amici nu bar Du Galego.
Ô intó, vô tomá bagno di sol nas praia e paquerá as minina.
Êh paizá, maise io sono vecchio giá y ellas num liga per me.
Intó io di notte vô dançá nus baile di vecchia.
Dispois vorto pra casa i vô durmi.
Ma Che brutta sodade io tegno di Zan Paolo.
Dus mio amici e das namurada....
Che brutta sodade....

Monday, August 18, 2008

Reflexão LXX (os seios)

Os seios aparecem para ir transformando a menina em mulher.
Destacam a sensualidade feminina, trazendo um porte elegante.
Fonte de alimento e de amor, para o filho e para o amante.
Externos, próximos do coração para os amados, quantos couber.

Os seios são o primeiro contato de satisfação no mundo externo.
O primeiro alimento, o calor desejado, o essencial aconchego materno.
Em forma natural de maçã, pêra, melão ou com silicone, turbinado.
Possuem o poder especial de deixar o pai apaixonado e o filho mimado.

Textura e maciez especial que deixa marcada a memória da mão.
Da distante mulher amada, tenho ainda desse toque a sensação,
Trazendo à lembrança, o lugar, o momento, a paixão. Inesquecível.

E por expressarem assim tão flagrante o amor feminino, invencível
Essas obras de arte da anatomia feminina exercem profunda atração.
Seios mitológicos, encantamento de deusas, desnudos em libertação.

Monday, August 04, 2008

Reflexão LXIX (a reencarnação)

Num futuro distante, quando a humanidade estiver mais evoluída, a poesia terá então um status maior que o futebol hoje. O poeta vai ganhar muito dinheiro, viver em meio ao luxo e a riqueza, desfrutará de fama e notoriedade. Será aclamado pelo povo. Será cercado por lindas mulheres e homenageado por onde passar.
E nesse futuro glorioso, eu serei então a expressão máxima, serei o corolário, o visionário craque do enjeitado e esquecido futebol...