Monday, June 23, 2008

"Burajiro"


Por Osumaro Reiukussu.

Abençoados imigrantes japoneses. Pela mágica da ascendência, conheci minha pequena Midori Nagai. Perguntando por uma rua na Vila Zelina com um papel em sua mão escrito, acredite, “vira gerina”...Eu ri. Ela séria, quis saber porque eu ria. Linda. Cabelos negros compridos. Olho puxadinho, né? Burajirera, nè? Falou japonês a infância inteira. Aí que saudade que eu tenho da Midori, minha primeira namorada japonesa. Eu tinha 17 anos e ela 16. O pai dela não gostava muito de mim...cabeludo, tocando violão, pintando quadros...Mas Midori gostava de ficar comigo. Aprendi a comer sushi e sashimi com ela. Ela fazia e, pra me judiar, de vez enquando, colocava um pouco a mais de wasabi no bolinho de arroz só pra me ver lacrimejar... “chora por mim osumaru reiukussu?” ria ela.
Da praia em frente de casa, vejo a escultura imensa da Tomie Ohtake na Ponta do Emissário na Praia do José Menino.
Gestaltica pincelada magistral. Ondas vermelhas sobre o verde escuro da ilha urubuqueçaba.
Sábado passado, o príncipe Naruhito deu uma volta na ilha. José Menino, Boqueirão, Estrela, Terminal 14, no tempo fechado de inverno. A cidade ficou coalhada de marinheiros japoneses. Fizeram festa. Até no bar “pé-sujo” do João eles foram.
Beberam pinga com limão. Tomaram todas as marcas de cerveja. Compraram pranchas de surf. Tiraram fotos e foram assaltados pela mulecada da Quintino e do Canal 2. Deram mole. Estavam no Gonzaga, em Santos, no “Burajiro”
Cem anos da imigração japonesa. E minha saudade da Midori parece mesmo secular.
Por onde será que anda minha princesa oriental Midori Nagai?

Monday, June 16, 2008

Mais Velho

Sou mais velho. Não tenho culpa de ter nascido primeiro.
Mas o amor, parece, nasceu depois do teu nascimento.
Cheguei antes, ansioso, com urgência de te encontrar.
Sem poder contrariar a natureza fui vivendo e te esperando.
A culpa é tua que demorou mais do que devia, me castigando.
Na espera, tudo que aprendi foi para te oferecer finalmente.
Aguardei o destino nos aproximar, produzir o nosso encontro.
E agora, que te achei, depois de ter aprendido como bem te amar,
Tem essa coisa decepcionante de eu ser mais velho...

Aprenda que certas idades se equalizam com o tempo.
E nossas idades irremediavelmente diferentes refletem:
Um desequilíbrio tolo entre sonhos e lembranças.