Tuesday, October 30, 2007

Reflexão XL (primavera)

Dá pra perceber no ar
Um cheiro novo no mar
Uma vibração na terra
A força da vida não erra

Novos verdes nas árvores
Flores coloridas na relva
Amor sobre os mármores
Acasalamento na selva

Primavera estação infantil
Renascimento preciso e útil
Confirmação do ciclo natural.

Esse continuar constante
Reencarna o fluxo abundante
Da alma na terra elemental.

Wednesday, October 24, 2007

Reflexão XXXIX (o abecedário)

O “ABC” do poeta é fácil saber
O “A” é de amar, meu verbo primeiro.
O “B” é de beber, devagar, maneiro.
Gosto de cozinhar, o “C” é de comer.

O “D” é de dormir, o “E” de escrever.
Não vou do abecedário desfiar o rosário.
Não é necessário todas as letras dizer.
Se não, o poema vira um dicionário.

Algumas letras a mais nesse roteiro
Vou resumir do jeito que puder.
O “G” me é sagrado porque sou pedreiro.

Letras que formam meu cancioneiro:
“T” de Telita, “R” de Renan, “M” de mulher.
“N” de Nadir, “P” de Pereira, pai guerreiro.

Monday, October 22, 2007

Reflexão XXXVIII (verão)

O Sol nos mira mais forte.
Mais próximo e constante no céu
Na terra, no hemisfério sul ou norte,
(depende) o calor aumenta, fica cruel.

A mulherada adora e tira a roupa
O que importa é do biquíni a marca
Shortinhos que exibem da bunda a polpa
Na sensualidade a vida embarca

Mil vezes o calor ao frio.
Sol e calor são vitaminas
A temperatura favorece o cio.

Nessa estação viro um vadio
Na praia, admirando as meninas
E bebendo até o desvario.

Friday, October 19, 2007

Reflexão XXXVII (adrenalina)

Adrenalina. Essa é minha droga atual.
O efeito no sangue é uma espécie de medo
E não preciso comprar, é tudo natural.
É preciso só atitude, coragem e cruzar o dedo

Em pulp fiction, vi injetar direto no coração.
Mas, sabe como é, coisa de cinema, ficção.
Bom é desafiar o perigo e sair ileso, vencedor
Vencido o desafio, a euforia suplanta a dor.

Saltar de páraquedas, bungee jump, páragliding.
Na briga de rua ou comendo a mulher do vizinho.
Prefiro correr risco. Nada de passear no shopping.

Adrenalina no sangue é o sal da vida em mim.
E, pela minha natureza, curto sempre sozinho
Não dou carona a ninguém, fica longe de mim.

Wednesday, October 17, 2007

Reflexão XXXVI (cores e sons)

De todas as cores, prefiro todos os tons.
Vibrações de luz em escalas definidas.
Um universo imenso de nuances infinitas
Fora do espectro, cores se tornam sons.

É o cérebro que enxerga e escuta.
Tudo que existe é movimento e vibração.
Cor possui caráter, matizes, saturação...
É quem observa que desvela sua conduta

Sons e cores dependem só da percepção.
Ouvi dizer de cegos que sonham colorido
E também de surdos que “ouvem” com a mão.

Não importa de que forma a gente decodifica
O que importa é como responde nossa emoção
O sentimento despertado que nos modifica.

Monday, October 15, 2007

Reflexão XXXV (desprezíveis)

Gente ruim. Encontro muita gente assim na minha vida.
Desprezíveis que se acercam de mim mal intencionadas.
Querem tirar alguma vantagem, sonsas e dissimuladas.
Já fui tolo, dei guarida e cheguei a dividir minha comida.

Não está escrito na testa, mas já aprendi a identificar.
Aparecem do nada, no bar, na praia e puxam assunto.
Muita conversinha e elogios me fazem logo desconfiar.
Incomodado, dou um jeito de cair fora, nada de ficar junto.

Só tive prejuízo com este tipo de pessoa, não me iludo mais.
Quando é mulher, dependendo da estampa, na manha,
pago uma, duas cervejas, pra ver se rola uma transa, não mais.

O cara que paga muitas elas chamam de otário pagão
Conheço umas meninas que abusam dessa artimanha
Eu, que já aprendi, não vou ficar bancando o bobo, não.

Thursday, October 11, 2007

Reflexão XXXIV (os relógios)

O Poeta, todo mundo sabe, por relógios é louco.
Essas máquinas maravilhosas de marcar o tempo
Que é uma abstração humana: dura muito ou pouco
Depende da percepção da pessoa em dado momento.

Não só por essa excentricidade de beleza poética,
Mas também porque é atraído por essas jóias caras:
Breitling, Cartier, Rolex, IWC, Bvlgari, peças raras...
Fosse rico teria uma coleção só pela emoção estética.

Os de pulso, a pedido de Dumont por Cartier inventados,
São os preferidos. O tempo não existe, linda jóia dialética.
Também fascina a base 60. Segundos e minutos somados.

Paradoxo despertador, desconstrutor dos sonos sonhados,
Baudelaire chamava de deus sinistro e, de forma profética,
Achava assustador e impassível. São só instantes marcados.

Tuesday, October 09, 2007

Reflexão XXXIII (a traição)

Nem o Filho de Deus escapou da traição.
Isso é o que eu mais abomino e detesto.
Da mulher, do amigo, do sócio e do irmão
Esse é o pior, o mais covarde e terrível gesto.

Não há defesa que seja possível na traição.
Tudo é feito às escondidas, nada é honesto.
E o traído é sempre o último a saber da ação.
É a lei do cão e o fim quase sempre é funesto.

Tem gente que mata, manda matar ou desiste.
Mas também tem quem perdoa, aceita e persiste
Seja como for, deixa sempre um rastro de rancor.

Trair sinaliza com precisão o fim do amor
Da amizade, do respeito, do bom que existe.
É a morte dos sentimentos. Nada depois resiste.

Reflexão XXXIII (a traição)

Nem o Filho de Deus escapou da traição.
Isso é o que eu mais abomino e detesto.
Da mulher, do amigo, do sócio e do irmão
Esse é o pior, o mais covarde e terrível gesto.

Não há defesa que seja possível na traição.
Tudo é feito às escondidas, nada é honesto.
E o traído é sempre o último a saber da ação.
É a lei do cão e o fim quase sempre é funesto.

Tem gente que mata, manda matar ou desiste.
Mas também tem quem perdoa, aceita e persiste
Seja como for, deixa sempre um rastro de rancor.

Trair sinaliza com precisão o fim do amor
Da amizade, do respeito, do bom que existe.
É a morte dos sentimentos. Nada depois resiste.

Monday, October 08, 2007

Reflexão XXXII (o conselho)

Se conselho fosse bom não era dado e sim vendido.
Quantas vezes ouvi: vai por mim que quero teu bem.
Na verdade era só mais uma opinião de intrometido.
Com a idade aprendi a não dar crédito. Melhor viver sem.

Quem quer dar conselho, quer mesmo é se auto promover
Sobrepõe a experiência dele à tua e muito te subestima
É irritante ouvir: leva o guarda chuva que vai chover...
Como se fosse o todo-poderoso, o senhor de todo clima.

Detestando ouvir conselhos, aprendi também a não dar.
Se me pedem uma opinião, prefiro dizer que, olha, sei lá...
Não corro o risco de ouvir: fui na tua e olha aonde vim parar.

Conselheiros profissionais discutem o que aprovado já está.
Pelas necessidades naturais que a própria vida determinar,
É assim que sigo minha trilha, indo em frente, até onde dá.

Friday, October 05, 2007

Reflexão XXXI (o trabalho)

O trabalho é uma necessidade e castigo divino, culpa do Adão.
Mas é o meio de sobrevivência e o maior problema é ter patrão
Você fica sempre sobrepujado, deve ser obediente e servil
Sendo que a maior vontade era mandá-lo à puta que pariu.

Tem um antigo ditado que ouvi e que acho perfeito:
Quem trabalha pra pobre pede esmola para os dois.
Mas mesmo trabalhando pros ricos percebi o efeito
Quando tem muito é só do patrão, a falta é dos dois.

Na teoria Marx foi ingênuo. A greve prejudicaria o patrão.
Mas no capitalismo, manda quem tem capital e cria a lei.
Ficou proibida a greve e o trabalhador perdeu sua razão.

Minha revolta não é por trabalhar, mas por servir um “rei”.
Escudado na crença de que é empresário e bom cidadão,
Ele te esfola, traça metas, oprime. Isso eu vivi, senti e sei.

Reflexão XXXI (o trabalho)

O trabalho é uma necessidade e castigo divino, culpa do Adão.
Mas é o meio de sobrevivência e o maior problema é ter patrão
Você fica sempre sobrepujado, deve ser obediente e servil
Sendo que a maior vontade era mandá-lo à puta que pariu.

Tem um antigo ditado que ouvi e que acho perfeito:
Quem trabalha pra pobre pede esmola para os dois.
Mas mesmo trabalhando pros ricos percebi o efeito
Quando tem muito é só do patrão, a falta é dos dois.

Na teoria Marx foi ingênuo. A greve prejudicaria o patrão.
Mas no capitalismo, manda quem tem capital e cria a lei.
Ficou proibida a greve e o trabalhador perdeu sua razão.

Minha revolta não é por trabalhar, mas por servir um “rei”.
Escudado na crença de que é empresário e bom cidadão,
Ele te esfola, traça metas, oprime. Isso eu vivi, senti e sei.

Wednesday, October 03, 2007

Reflexão XXX (a feijuca lite do Barão)

Esta receita sempre fez sucesso no castelo.
Parte do segredo dos ingredientes revelo:
Para dessalgar as carnes salgadas escaldo
Em água com sal fino. E, do feijão, reservo o caldo.

A feijuca tem o melhor do porco, pimenta e paio
Preparo durante as manhãs de sábado assim:
Feijão preto cozido e refogado com cebola e alho
E ainda as carnes têm ordem de cozimento sim

Primeiro a carne sêca e a orelha, depois
A costela e as lingüiças entram na panela
Laranja e salsão moído: acrescento os dois.

Frito os torresmos com calma e cautela
Refogo a couve na gordura que ficou, pois
É dali que sai o sabor sem igual que apela.

Tuesday, October 02, 2007

Reflexão XXIX (a nudez)

Curioso seria se todos andassem pelados.
Nudistas urbanos, iguais a índios selvagens.
O corpo exposto, todos os pontos revelados
Sem modas, apertos, só marcas e tatuagens.

Muito divertido imaginar ambientes tumultuados
Completamente impossível não pensar em sacanagens.
Uma imensa avalanche de pensamentos degenerados
Achando tudo possível em descaradas libertinagens...

Mesmo assim seríamos mais civilizados...
A diversidade humana sem falsas embalagens.
Feiúras e belezas, bundas e seios turbinados

Monstros de pesadelos ou lindas personagens.
As almas, habitantes de seus corpos venerados,
Lembrariam que as vidas são feitas de passagens.

Monday, October 01, 2007

Reflexão XXVIII (tatuagem)

Tatuagem é uma dor que não se apaga.
É marca epidérmica que fere, depois afaga.
Uma parte do corpo de onde a alma verte,
Uma parte da alma que o corpo reflete.

Arte que revela em tinta ou essência
A homenagem a um amor extremado
Por si mesmo ou outro ser endeusado
Que perdura mesmo depois da desistência.

Marca do passado que é pra sempre
E vai insistir em longa convivência
No espelho, ou alguém que te lembre.

É um sinal assim mesmo, seja como for.
Que define, delata, confirma a referência:
Algumas almas só afloram com a dor.