Sunday, April 20, 2014

Os Cervejeiros

Pronto. Lá vieram os amigos cervejeiros me cutucar...O mais incisivo foi o Luiz Vidaia, irmão na pedra e notório cervejeiro: ”A culpa é sua que não sabe escolher. Cerveja é que nem mulher, sabia? Tem as ótimas, as boas e as que não prestam...”  Isso porque escrevi sobre minha experiência com o vinho. Ok. Vamos compatibilizar. Há vinhos ruins também. E nem devem ser considerados vinhos. Acho que pisei no pé da cerveja e dos amigos que ainda curtem a bebida e melhor que eu. Beleza. Desculpa. Vou experimentar essas cervejas que citaram: Paceña, Lager, Boliviana, feita com o degêlo dos Andes (hummm, chique héin!). Como? Soletra: Westvleteren? O quê? Belgica? Como é que eu vou pedir uma cerveja dessa já bêbado? Não vou conseguir. Flying Dog Gonzo Imperial Porter? Americana? Caraca! Que nome mais esquisito. Só conhecia a Bud. O quê? Mais um puta monte de cervejas boas, gourmet, que também harmonizam com a comida. Mais velha ainda que o vinho. Também acidental, resultado de fermentação, fabricações especiais, vários tipos, várias cores... Tá bom, não vou mais desdenhar da cerveja. O culpado sou eu mesmo. Vem, cá. Por que você não promove uma degustação na sua casa? Eu adoraria ser apresentado a essas maravilhas. Preço? Bem, a gente pode dividir as despesas...eu preparo uma carne. Topa? Ok. Vou avisar aqui em casa. Semana que vem, então? ok. O quê? Levar um vinho de presente pra você? Tá vendo? Eu tinha razão... Tchau!


Saturday, April 05, 2014

In Vino Veritas

Passei anos bebendo cerveja, estufando. E o sabor, fraco, escondido no gelo. Bebia cervejas pilsens (água). No máximo uma “ale” e nada mais. E, pior, tinha a cachaça, a vodka, cynar, cinzano, batidas, caipirinhas (cachaça e açucar...). Ah, quanto tempo perdido num alcoolismo pobre, submundo. O tempo passou e agora, já no alto dos meus cinquenta e tantos anos, descobri o vinho.  In vino veritas, a verdade está no vinho, citando errado a máxima latina, que o certo é que a verdade aflora quando se bebe vinho. Mas, eu dizia, vinho. “OS” Vinhos. Nada parecido nos botecos. Um dia de fatura no boteco não paga uma garrafa de um clássico. Desperdício de paladar... Aprendi a apreciar a comida e a cozinhar com o missiê André Serva (que Deus o tenha) e que cada ingrediente tem o seu lugar, o seu par, o seu tempo de cozimento e sua hora de entrar na panela. E, usando sempre produtos de primeira qualidade, você pode até cometer um pequeno deslize na receita que ainda dá certo. Agora, iniciado por uma “deusa”, chegou a hora de apreciar o suco da videira. O sol na fruta, os diversos tipos de uva e o que elas tiram do solo para nos ofecerer, seus lugares no planeta, o terroir, seus climas, suas cores, seus odores e os sabores...profundos, cheios de lembranças da vida, da infância, cheiros, notas de abertura, especiarias, florais e retrogosto (quando com uma pobre cerveja?) O vinho e sua cultura, o comportamento nas taças (que copo americano pode ser igual?) e, olha, cristal faz diferença sim senhor...as nuances de cor, “as lágrimas” no cristal indicando a quantidade de álcool. Vinho, uvas, clima, preparo, tempo. Escrevi sobre cerveja que na época dos botecos eu bebia. Não mais. Chega de boteco e companhia esquisita. Vinho se bebe em boa companhia. Longe dos fumantes, perto de uma bela mulher, cujo único perfume é a sua pele quente. Numa enoteca. Ambiente limpo, ar condicionado, taças apropriadas, garrafas com rótulos que são obras de arte que contam histórias. Lamentando o tempo que perdi, não perco mais um minuto e me acomodo para degustar, que é apenas beber prestando atenção, safras muito mais antigas que eu, acompanhando pratos especiais em pequenas porções, com sabores de jamais esquecer...Antes tarde do que nunca, não é mesmo Andrezza?