Thursday, August 19, 2010

A Palavra

Autor: Padre Rafael Bluteau (1638-1734)

“À palavra deu a natureza por origem a cabeça da áspera artéria, o ar por corpo, a língua por mãe, e a boca por berço, mas com tão instantâneo descanso que apenas nascida voa, e com tão breve vida, que logo nos ouvidos dos circunstantes se sepulta. Porém não acaba a palavra quando morre, porque ainda que metida na tortuosa sepultura do ouvido, com o osso petroso por campa, e com várias membranas por mortalhas, e quase perdida nos ocultos meatos da parte que os Anatomistas chamam de Labirinto, alentada com o impulso e comoção do ar implantado, acha a palavra abertas as válvulas, ou pequenas portas, por onde passam as espécies de som para o nervo auditório, e dele para os ventrículos do cérebro, onde estão depositados os tesouros da memória; e por este modo fica a palavra na impressão da sua própria espécie, epitáfio de si mesma, sombra da voz e cadáver da locução, até que chegue a lograr outra vida, quando, suscitada da reminiscência, torna a sair da boca ou da pena dos Escritores, e sucessivamente atada a outras com o fio do discurso, participa, com a doutrina dos sábios, nas obras da eloqüência. "

Tuesday, August 03, 2010

Agosto

Cesar Augusto não quis ficar inferiorizado.
E mandou aumentar o seu mês também.
Mais um dia de fevereiro foi retirado.
O mês curto para cálculo do calendário convém.

A diferença de horas de cada ano é compensada
De quatro em quatro anos e ao fevereiro somada
O ano então, com um dia extra, fica com 366.
É erro dizer que bissexto é para lembrar o duplo seis

O que se gasta no dia dos pais, recupera-se no pendura.
Mesmo já fora da faculdade, eu me junto aos estudantes.
Como, bebo à vontade. Não pago e ninguém me dedura.

Uma tradição é para sempre. Respeito o que diz a escritura
Participo do discurso de agradecimento ao comerciante
E caio fora antes que a polícia chegue e me dê uma dura.