Friday, February 08, 2013

O problema das conversas ao celular.

- Eu vou terminar com você, não porque eu quero, entendeu?
Passou por mim falando ao celular.
-Não é porque eu quero, entendeu? Vou terminar com você...
E, depois não deu mais para ouvir a conversa...
Ainda pude avaliar a imagem da pessoa que se distanciava na rua. Baixinha, cheiinha, blusa branca, calça preta mostrando os ressaltos do elástico da calcinha na bunda. Pouco atrativa. Voz desafinada, cheia de altos e baixos.
Fiquei imaginando com quem ela falava. Talvez uma pessoa sendo descartada. Relacionamento amoroso? Talvez. Sei lá. O problema das conversas ao celular. Nossa exposição quando falamos, seja de que assunto se trate. As pessoas em volta ouvem, participam da conversa, ficam sabendo detalhes. Nossos encontros, horas, locais. Nossas mentiras: “estou em...” e o local é completamente diferente. Estou sozinho, sim, pode falar....cheio de gente em volta...O celular nos expõe e nos torna inconvenientes. No meio de um assunto, toca o aparelho e a pessoa atende olhando em nossos olhos e, em seguida, nos dando as costas. Pior são os que permitem acesso à internet. A pessoa anda pela rua olhando para a palma da mão...Conversam simultâneamente ao vivo e virtualmente...A mim incomoda muito esperar o término de uma conversa que interrompeu a minha. Li, certa vez, um texto sobre a ética no uso dos telefones celulares. Desligar durante uma reunião, durante o almoço, o jantar, no cinema...As pessoas precisam ser educadas no uso desse aparelho. Deve haver um nome em psicologia para essa dependência atroz do telefone celular. Quem souber me fale.(*) Há, digamos, 40 anos atrás, quando não haviam celulares, we manage just the same...e tudo era mais tranquilo. Para telefonar, ia-se à farmácia ou padaria. Telefone em casa pouquíssimas famílias tinham. A telefonia evoluiu por imposição da indústria automobilística que no inicio de suas operações no País, necessitava de comunicação rápida e eficaz. No breve século passado, o desenvolvimento foi incomparável. Séculos anteriores começaram e terminaram quase sem novidades. Exceto o século XX. Muita coisa mudou. A tecnologia se desenvolve a cada dia. O que era novidade há 3 ou 4 meses, já não é mais... Mas a capacidade de adaptação do Ser Humano não parece ter a mesma velocidade. Tenho o meu celular também. Tenho aparelhos com funções que jamais usei e outras que sequer imagino que existam. Uso o liga e desliga. O mesmo botão. O timer da televisão que me é muito útil. E mais nada. Deixo para quem curte esse universo tecnológico a conversa da mocinha: vou terminar com você, não porque eu quero. Entendeu?


(*) NOMOFOBIA (informou meu amigo Fabio Stefani.)

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