Tuesday, July 15, 2008

Mané.

O nome dela era Maria Anita Jorge. Estudou comigo na USP. Anita era a mulher mais bonita da faculdade. Linda. Um sorriso de iluminar quarteirão. Um corpo mais que perfeito. Inteligente. Alegre. Foi capa da revista playboy no natal não sei de que ano.
Nua, de costas, olhando por sobre o ombro esquerdo, “vestida” com uma touca de papai noel e um saco vermelho no ombro direito que, acredito, ninguém notava, já que seus atributos eram incrivelmente muito mais chamativos que qualquer outra coisa. Antes da foto, porém, eu me apaixonei por ela. Ficava esperando ela chegar na lanchonete ao lado do restaurante do CRUSP para “casualmente” encontrá-la. Um dia, ela chegou chorando, reclamando de um namorado argentino que a tinha traído com um amigo nosso, o Marinho. Pô, que situação. Tentei consolá-la mas sequer imaginava o que dizer. Era estranho o fato do Marinho, quem diria, ter se relacionado com o namorado dela. Uma semana depois, mandei pra ela um poema e depois liguei dizendo que era apaixonado por ela.
- Puxa Reyex, que bacana o que você escreveu. Fiquei feliz. Bom esse seu sentimento por mim. Assim a gente pode se conhecer mais profundamente...
Ela, então, me convidou pra ir visitá-la num apartamento na Santa Cecília que dividia com mais duas amigas. Marcamos e no dia, com as mãos geladas e o coração aos saltos, fui até a casa dela. Perto de lá, parei num supermercado pra comprar uns bombons de presente. Acabamos nos encontrando no supermercado. Ela riu da coincidência e adorou os bombons. No apartamento dela, as amigas riam na cozinha. Depois, foram embora nos deixando a sós. Na saída, uma delas desejou boa sorte. Ela fechou a porta e nos sentamos numas almofadas no chão no canto da sala. Ficamos conversando, não me lembro o quê. Eu estava hipnotizado. Ela era bonita demais. Cheirosa demais. Maravilhosa demais. Tudo era demais. O tempo passou. Ela então, impaciente, me mostrou fotos dela, nua, numa praia. Fiquei sem ação. O tempo passou. Nada rolou. Ela fez um chá, tomamos e já era hora de ir pra faculdade. Eu querendo que o tempo voltasse. Saímos juntos. No caminho dei um abraço nela. Ela riu e disse: outro dia, com certeza. Depois, o destino nos separou definitivamente com uma longa viagem dela, de onde voltou casada com um médico. Só agora, depois de tanto tempo, tenho coragem de confessar o que não fiz. Se arrependimento matasse... Tempos depois a vi na TV Record como âncora num noticiário. Soube que ela teve uma filha que se chama Ceres... nunca mais consegui contato com ela. Nunca mais. Mané.

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