Monday, November 12, 2007

Reflexão XLIV (os amigos)

(I know I’ll often stop and think about them.)

Lembro frequentemente dos meus amigos. Gente que fez diferença na minha vida. Alguns famosos, outros mortais como eu. Pessoas abençoadas com talento especial ou simplesmente pessoas comuns e amigas. Lembro, com saudade, do Ermelindo Fiaminghi recolhendo flores de um pé de manjericão só para preparar um macarrão especial para o nosso almoço num domingo no atelier dele. Lembro do Amílcar de Castro recordando efusivamente de mim, feliz, quando pedi um autógrafo no catálogo de esculturas dele. Uma vez fui repreendido pelo Manabu Mabe por estar bebendo um uísque atrás do outro no seu vernissage e nesse dia conheci a Bruna Lombardi que me deu um beijo que jamais vou esquecer. Fiquei tão pertinho daqueles olhos verdes... Fui “valete” de Tomie Otake numa exposição no MAM. Lothar Charoux gostava das cores que eu usava. Fui elogiado por Ernesto Piva. Mario Chamie escreveu exaltando a minha pintura e até hoje pergunta de mim aos amigos. Aldemir Martins gostava das minhas visitas. Fui aluno de Joseph Louyten, hoje reitor numa universidade do Japão. Na USP, fui aluno do Antônio Cândido, do Luiz Tatit e do Martinho Lutero. Tive um relacionamento marcante com Joyce Cavalcante. Estudei no atelier do Paulo Acêncio, fui padrinho de casamento do Fernando Durão. Minha primeira publicação de poesia foi com Glauco Mattoso e Luiz Roberto Guedes. Fui colega de escola do Pascoal Ferreira da Conceição. Amigo de infância do Mário Garcia. Jorge Medauar sempre gostou dos meus textos e nossas reuniões eram sempre divertidas, falando da junventude dele descrita pelo Jorge Amado: “Medauar era o “ai jesus” das putas”. Juanribe Pagliarini fez a arte final do meu convite de casamento na agência de propaganda do Medauar. Hoje é escritor e não sei se lembra mais de mim. Comi pastéis de Santa Clara no apartamento da Wega Nery.
Lembro do Sonekka pedindo licença pra tocar violão no meu bar e acabamos parceiros em Remédio Inútil, com o querido Zé Edu. O pessoal do Clube Caiubi. O pessoal de Santos, Schmidt, Cajé, Nando Lee, músico de primeira, parceiro e companheirão de horas de conversa lá em casa, que ofereceu o almoço quando conheci a Lis Rodrigues que, sem saber, me fez lembrar do vento forte que balança o coqueiro. Através do Nando, conheci Zé Rodrix, na casa dele, quando me identifiquei como irmão na pedra e ganhei seus dois primeiros livros. Lá conheci também o Tavito.
Glauco me apresentou o Augusto de Campos, o Arnaldo Antunes, a Leila Míccolis, o Paranaguá e o Edílson.
Tantos outros amigos que a gente não esquece, mesmo quando não lembra. Lembro da Lígia e do desespero de amor que vivi com ela. O cheiro e o toque da pele dela ainda permanecem e são marcantes para mim. Pra sempre. E mais um dia.

“With lovers and friends i still can recall, some are dead and some are living. In my life I loved you more.”

1 comment:

Anonymous said...

Espero ser pelo ao menos um amigo mortal...temos muito do que nos recordar!!!

Abraços

Portugues